quarta-feira, 12 de maio de 2010

Análise: Os 23 de Dunga.

Por Marcello Zalivi

Está certo, tudo mundo sabe que o Dunga nunca foi de novidade. Afinal, quando tentou (Caso Afonso Alves e Hulk, por exemplo), nunca deu muito certo. Então o cara sempre pregou pela mesmice, mascarada pelas palavras “comprometimento e coerência”.

Não tenho nada contra este lema, e é bom que se diga, essas duas palavrinhas mágicas foram responsáveis pela volta do prazer de se jogar na seleção brasileira. Faz anos que a cadeira cativa e falta de vontade dominaram as convocações da seleção. Entretanto, sou meio contra esse negócio de grupo fechado. Uma seleção nunca deve estar fechada para a inclusão de um novo integrante que tenha talento ou pelo menos potencial para figurar entre os 23.

Dessa vez, Dunga conseguiu ser ainda mais pragmático e conservador do que o dono deste conceito. Até mesmo o mestre do conservadorismo, o professor Parreira, conseguiu ser mais “moderninho”. Levou Ronaldinho, jogador de 17 anos, que mais tarde se tornaria um dos maiores jogadores de todos os tempos. Seguindo o exemplo clássico de promessas, inaugurado com a convocação do Rei Pelé em 1958.

Felipão aderiu a Moda em 2002 com Kaká, e Parreia novamente em 2006 com Fred. Talvez por isso, Ganso e Neymar ainda nutriam uma boa expectativa em figurar na lista. Particularmente não levaria o jovem atacante, não é o momento. Enquanto a Paulo Henrique Ganso, acho que seria uma surpresa justificável. È titular do Santos desde o meio da temporada 2009, se destacou no Brasileirão passado e seu futebol cresceu este ano. Alem disso, existe uma falta de jogadores na posição. Os principais nomes estão em baixa, não havia concorrência. Diego Douza, Diego da Juventos e Carlos Eduardo perderam força e futebol. Apenas Ronaldinho Gaucho fazia sombra, e mesmo assim, o comandante brasileiro preferiu rechear o elenco de volantes.

Falando em Ronaldinho Gaucho, não critico Dunga por não convocá-lo, assim como todos nos, ele se decepcionou com as últimas chances do meia na seleção. O Fiasco nas Olimpíadas parece ter sido a gota d água. Mas Copa do Mundo é competição de tiro curto, precisa-se de todo o talento possível, e em uma eventual perda de Kaká, não vejo outra alternativa preparada para a sua substituição que não seja o dentuço duas vezes melhor do Mundo. Não deu, paciência!

No final, posso dizer que faria pequenas alterações na lista. Doni (reserva do reserva na Roma) foi sem dúvida a pior convocação. Existem pelo menos cinco nomes melhores. Também não levaria o Kleberson, já temos volantes demais, Ronaldinho seria a melhor opção, na falta dele, até o Ganso seria aceitável. Também não gosto das inclusões de Josué e Elano, mas aceito seus nomes, pelo bem do “grupo e da coerência”.

Na convocação do Grafite, dou parabéns ao Dunga, não pelo fato da sua simples integração a lista, apesar de ser um excelente jogador e viver um bom momento, o meu nome preferido era do Fred do Fluminense. Dou os parabéns, porque escolheu um bom jogador para o lugar de Adriano. A permanência do imperador na lista seria parabenizar o anti profissionalismo, o desleixo e o deboche com o futebol.

No final de tudo, Dunga conseguiu surpreender a todos com uma lista repleta de mesmices. E apesar de obvia, aposto com qualquer um que ninguém entre 198.999.999 brasileiros conseguiu fazer uma lista igual a do capitão do Tetra.

A sorte está lançada.

GOLEIROS:
Julio Cesar
(Internazionale)
Doni
(Roma)
Gomes
(Tottenham)

LATERIAS
Maicon
(Internazionale)
Dani Alves
(Barcelona)
Michel Bastos
(Lyon)
Gilberto
(Cruzeiro)

ZAGUEIROS
Lúcio
(Internazionale)
Juan
(Roma)
Luisão
(Benfica)
Thiago Silva
(Milan)

MEIAS
Gilberto Silva
(Panathinaikos)
Josué
(Wolfsburg)
Felipe Melo
(Juventus)
Kleberson
(Flamengo)
Elano
(Galatasaray)
Ramires
(Benfica)
Kaká
(Real Madrid)
Julio Baptista
(Roma)

ATACANTE
Robinho
(Santos)
Nilmar
(Villarreal)
Luis Fabiano
(Sevilla)
Grafite
(Wolfsburg)

A lista suplementar:

Alex (Chelsea)
Sandro
(Internacional)
Marcelo
(Real Madrid)
Carlos Eduardo
(Hoffenhein)
Paulo Henrique Ganso
(Santos)
Diego Tardelli
(Atlético Mineiro)
Ronaldinho Gaúcho
(Milan)